Dentro de toda essa luta político-partidária, cheia de meandros e interesses, o turismo entrou em um processo de desqualificação que deixa seqüelas graves.
Do ponto de vista do mercado, que sempre atuou independentemente de governos, perdemos pouco, já que há muitos anos fazemos o papel que era obrigação do governo, onde os agentes de viagem, hoteleiros, operadores, companhias aéreas preparavam seus colaboradores, capacitando, qualificando, onde o marketing de destinos era feito por nós mesmo, a promoção internacional feita por entidades de classe, com parcos recursos de governos estaduais e da EMBRATUR e outros eventuais parceiros. Éramos nós, empreendedores, gastando nossos recursos em anúncios em jornais, revistas, televisão e outros tantos meios de promover e alavancar os lugares que seriam visitados pelos turistas.
Quando o Ministério do Turismo foi criado veio para dividir essas responsabilidades e assim o fez. A EMBRATUR assumiu o papel que lhe cabia em divulgar o Brasil, o Ministério em organizar a indústria, criar uma legalidade necessária, como a Lei Geral do Turismo, preparar os destinos, os trabalhadores, os empreendedores para qualificar e dar maior opção de produtos para o mercado. Assim pudemos ver crescer uma infinidade de ações que levaram o turismo a ser compreendido como pauta econômica.
Para garantir êxito o Ministério se apoiou em entidades que viabilizavam muitas dessas necessidades, pois tinham expertise. Assim vieram os convênios onde o interesse mútuo era contemplado. Por exemplo : - Nada melhor que os agentes de viagem, hoteleiros, cias aéreas, operadores terem como projeto em conjunto com o governo a preparação de roteiros para a terceira idade, a divulgação destes no mercado e ainda usar a baixa ocupação das aeronaves e hotéis para vender com 50% de desconto para esses senhores e senhoras que trabalharam a vida toda e poderem viajar e desfrutar de uma viagem. Melhor ainda é que a economia local aqueceu, foram gerados incontáveis postos de emprego e conseqüente renda nesses destinos. Isso se chama política publica, isso se chama inclusão e foi feita em conjunto e com esforço de muitos empresários e lideres de entidades do turismo.
Hoje vivemos um momento em que a timidez do ministério, que não tem compromisso de fato com o turismo, que nem de longe sabe defender o que de bom foi feito, defender as reais necessidades de nossa indústria, um ministério que fica a mercê de cargos para contemplar interesses distantes da verdadeira necessidade que é preparar cada dia, cada momento nosso segmento em vista a verdadeiros desafios que nos são colocados. Não falo só dos eventos mundiais que virão, mas da demanda crescente que carece melhorias em serviços, infra-estrutura e qualificação de pessoal.
As denúncias na imprensa são intensas, todo momento se fala de algo negativo do turismo e não vemos nenhum pronunciamento do ministro a não ser respostas evasivas, isso porque não tem conhecimento dos projetos e programas que foram feitos com objetivo único de ampliar, qualificar e incluir setores importantes de nossa sociedade. Foram desmontados os principais programas e assim o ministério ficou frágil e sem capacidade de se posicionar.
Muitas das entidades que dedicaram muito de seu tempo, de seu expertise para engrandecer o turismo, agora estão constrangidas por estarem niveladas por ONGs que nunca ouvimos falar, que vieram para armar esquemas que somos totalmente contrários. Entidades fantasmas, que foram recém criadas para usurpar do dinheiro público.
Quem deveria fiscalizar essas atrocidades seria o próprio ministério e os órgãos de fiscalização do governo e deveriam fazê-lo logo, para que os que tratam com lisura e idealismo os recursos que receberam, continuem cumprindo sua vocação, porque o pior de tudo é a paralisia, o medo de ser comparado a quem faz falcatruas. Quem por dever de cidadania se dedicou a projetos de desenvolvimento do turismo deve continuar fazendo, de cabeça erguida, como sempre estivemos.
Precisamos continuar nossa verdadeira vocação em produzir um turismo qualificado, sustentável, diversificado, exigir o que é nosso : investimento do governo em nossa indústria, já que todos os indicadores econômico-sociais dizem que somos a parte da economia que mais gera emprego, renda, que somos a indústria limpa e tantas outras virtudes que temos e que não podemos parar de nos orgulhar. È hora de recuperar a auto-estima e exigir um ministério tão grande como nossa indústria.
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