Direcionada para comunitários residentes no rio Aripuanã, situado no Sul do Amazonas, a oficina ocorreu na Vila do Carmo, também conhecida como Matá-Matá, envolveu 22 extrativistas e teve o apoio da empresa Firmenich e do Centro Estadual de Unidades de Conservação – vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Ceuc/SDS).
A gestora do Mosaico do Apuí, Aldeíza Lago, explicou que a capacitação teve como objetivo incluir melhorias no processo de extração, manejo e transporte do óleo de copaíba encontrado na região. “A copaíba extraída aqui tem muita qualidade, mas os produtores ainda pecavam em alguns aspectos. Nosso intuito foi mostrar a eles que, com poucos cuidados, eles poderiam melhorar os processos, agregar mais valor ao produto e vendê-lo por um preço mais vantajoso”, declarou a gestora.
Entre outros assuntos, foram discutidos nos encontros a utilização correta de mangueiras, canos de PVC, galões de depósito de óleo e a maneira mais adequada de armazenar o produto antes da venda. As aulas reuniram extrativistas do Matá-Matá, mas também de comunidades vizinhas como Vila Batista e Bela Vista do Guariba.
Regatões e atravessadores
O analista de conservação do WWF-Brasil, Marcelo Cortez, afirmou que a oficina é um primeiro passo para quebrar o ciclo vicioso existente na região entre regatões e atravessadores. Eles compravam a copaíba a preços irrisórios, endividando os extrativistas, causando problemas sociais e empurrando esses profissionais para a prática de atividades insustentáveis. “Além de focarmos nos aspectos técnicos, falamos também de inventários, cuidados com a coleta e o armazenamento”, disse.
Marcelo declarou ainda que os próximos passos do trabalho desenvolvido em Apuí incluem a coleta de informações para a confecção de inventários de copaíba, visando a estruturação de um plano de manejo da espécie naquelas imediações.
“Neste curso, falamos sobre as técnicas de extração e tratamos dos cuidados que devem ser feitos com as espécies. De certa forma, este é o primeiro passo para o manejo da espécie e deixa os extrativistas mais seguros, sabendo de seus direitos e deveres nas futuras comercializações”, contou.
Medida de Desenvolvimento
A oficina está inserida no planejamento estratégico elaborado por uma série de instituições denominada Medida de Desenvolvimento (MD) – Produção Agroflorestal no município de Apuí (AM), cujo objetivo é fortalecer a cadeia produtiva da borracha e copaíba naquela região.
Por meio deste trabalho, a filial brasileira da empresa Firmenich se comprometeu a comprar o óleo de copaíba produzido na área. Além disso, diversas entidades, entre elas o WWF-Brasil, garantem que a produção e venda do produto ocorra sob padrões ambientalmente sustentáveis, garantindo renda justa às associações extrativistas e minimizando os impactos ambientais da atividade econômica na área.
Estão envolvidos na iniciativa o GIZ, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Apuí, o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), a Cooperativa Extrativista Florestal Familiar de Apuí (Ceffap) e a Associação dos Produtores Agroecológicos de Apuí (Aspoagro).
A gestora do Mosaico do Apuí, Aldeíza Lago, está com grandes expectativas para este trabalho. “A possibilidade da venda da copaíba por um preço justo e com condições mais benéficas para esses produtores trouxe um novo ânimo a essas comunidades, fez com que eles se entusiasmassem e vissem um novo horizonte para a produção sustentável aqui nesta região”, afirmou.