Por Thaís Alves
Um ilustre primata é candidato oficial do estado do Rio de Janeiro a mascote das Olímpiadas de 2016. Trata-se do muriqui, divulgado na última semana. O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CPB/ICMBio), que coordena ações de conservação da espécie desde 2003, participou ativamente na formulação da candidatura deste sociável animal a mascote dos jogos olímpicos.
“Nosso compromisso é apoiar iniciativas que visem dar visibilidade e angariar apoios à conservaço dos primatas brasileiros”, destaca o chefe do CPB Leandro Jerusalinsky. Atualmente há apenas 1,3 mil exemplares da espécie na natureza e a espécie consta na lista de ameaças de extinção.
Para combater isto, em 2005 o Centro começou a construir o Plano de Ação Nacional para Conservação dos Muriquis (PAN Muriquis), composto por 10 metas e 54 ações de curto, médio e longo prazo. O documento foi concluído em 2010 e sua implementação vem sendo coordenada do CPB.
Algumas das principais populações dessa espécie estão protegidas em unidades de conservação federais gerenciadas pelo ICMBio, como o Parque Nacional Serra da Bocaina (RJ/SP), o Parque Nacional Serra dos Órgãos (RJ), a Reserva Biológica Augusto Ruschi (ES), a Reserva Biológica da Mata Escura/MG, o Parque Nacional Alto Cariri/BA, o Parque Nacional Caparaó/MG, o Parque Nacional de Itatiaia/RJ, além de RPPNs reconhecidas pelo ICMBio.
A espécie
De nome tupi-guarani significa 'gente que bamboleia, que vai e vem', a espécie ficou conhecida como o “povo manso” da floresta, em virtude de seus hábitos solidários e de permanencia em grupo. Ele é considerado o maior primata do continente americano e maior mamífero endêmico do país, podendo atingir até 1,5 m de altura.
Ele vive exclusivamente na Mata Atlântica e se divide em duas espécies: o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) que ocorre nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia, e o muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides) que ocorre nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e parte do Paraná.
De hábito pacífico, raro entre primatas, não costuma competir diretamente por alimentos e fêmeas. Uma de suas características mais marcantes é o fato de gostarem de abraçar uns aos outros. Os animais costumam se abraçar em grupo, pendurados pelas caudas, num grande abraço coletivo.
Com grande importância ecológica como dispersor de sementes, o animal já foi escolhido como símbolo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) da Unesco e do Parque Estadual do Desengano.Ascom/ICMBio