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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Demanda por produtos florestais traz oportunidade para ampliar manejo


Mercado interno puxa consumo de madeira nativa, mas apenas 7% das florestas são usadas para produção sustentável. Incentivos e política forte de fomento são necessárias, afirma diretor-geral do SFB

A área florestal brasileira e a tendência de aumento na demanda por madeira legalizada no mercado nacional trazem a oportunidade de ampliar o manejo florestal e a quantidade de florestas plantadas no país para a produção de bens e serviços.
A afirmação foi feita pelo diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Antônio Carlos Hummel, no primeiro dia do fórum de debates da V Feira Brasil Certificado, que começou na terça-feira, 10, em São Paulo (SP).
“O mercado interno consume cerca de 85% da madeira tropical e a estruturação de programas de compras sustentáveis por parte dos governos, além da tendência de aumento de produtos florestais para celulose e energia, são eventos que podem ser bem aproveitados para fortalecer as práticas florestais sustetáveis e a cetificação florestal”, disse.
Potencial
Ao mesmo tempo em que a procura por produtos florestais caminha para um aumento, as áreas de florestas manejadas têm um amplo potencial de ampliação. “Em torno de 60% do território brasileiro é de florestas, a maioria públicas, mas só 7% estão destinadas à produção florestal sustentável. Há muita floresta e pouco uso”, afirmou. “O Brasil não pode ser eternamente um país com potencial, tem que transformar essa potencialidade em ganhos econômicos, sociais e ambientais para a população.”
Entre as florestas que poderiam servir à produção estão aquelas localizadas em terras públicas e que ainda não foram destinadas. Segundo o Cadastro Nacional de Florestas Públicas, aproximadamente 70 milhões de hectares não foram designadas para nenhum uso, ou seja, podem estar sendo objeto de exploração ilegal e grilagem.
“Mas tudo isso pressupõe um forte combate à ilegalidade da madeira. Temos que sair das práticas tradicionais de comando e controle que não têm dado resultados significativos. Os processos de punição precisam ser aperfeiçoados, incluindo a pactuação e o controle social dos diversos atores que atuam na cadeia produtiva”, diz o diretor-geral do SFB.
Segundo relatório do Serviço Florestal, se 36 milhões de hectares estivessem sob manejo florestal na Amazônia, o país conseguiria atender a uma demanda estimada de 21 milhões de metros cúbicos de madeira por ano de forma sustentada, manejada e certificada. “Nós podemos fazer uma revolução se utilizarmos essas terras que já estão na governabilidade do governo”, afirmou Hummel.
Desafios
Para avançar a produção florestal, seja em terras públicas ou privadas, é necessário criar incentivos robustos. Segundo Hummel, um dos principais desafios é ter uma política de fomento que traga o setor para um patamar mais alto.
“Estamos terminando um estudo para entender quais são as estratégias necessárias para fomentar floresta no Brasil. Não podemos mais ficar em um debate em que o setor florestal sempre sai perdendo se comparado ao setor agrícola.”
Outras necessidades do setor incluem maior acesso ao crédito, melhor infraestrutura para a produção e o combate contínuo à madeira ilegal. Os benefícios são tangíveis: madeira legal, ampliação da oferta de empregos, aumento da renda, redução de custos com comando e controle e de emissões de gases do efeito estufa.
“Já tivemos momentos mais motivadores para essas discussões e temos que ter um movimento em torno disso. A Feira Brasil Certificado pode ser um marco”, afirmou Hummel.
O Serviço Florestal também participa do fórum de debates desta quarta-feira na sessão "Estado da arte do financiamento do manejo florestal na Amazônia", que termina às 13h, e “Madeira legal na Amazônia: entraves para o avanço da sustentabilidade do setor florestal”, com o gerente de Concessões do SFB Marcelo Arguelles, com início às 15h. A Feira é realizada no Centro de Eventos São Luís, Rua Luís Coelho, em São Paulo (SP), até quinta-feira, 12.