sábado, 1 de setembro de 2012
CEMAVE FESTEJA 35 ANOS DE CONSERVAÇÃO DAS AVES BRASILEIRAS
por Aldo Sérgio Vasconcelos
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), comemora, neste mês de agosto, 35 anos de criação. O aniversário coincide com os cinco anos de fundação do ICMBio. Está previsto para setembro o lançamento da exposição sobre o histórico do centro, sua missão, as ações e projetos mais expressivos em desenvolvimento.
A sede nacional do Cemave fica na Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo, na Grande João Pessoa (PB), onde também estão localizadas a Coordenação Regional 6, a sede da Reserva Extrativista Acaú-Goiana e uma das Unidades Avançadas de Administração e Finanças (UAAF) , todos do Instituto Chico Mendes.
Histórico e missão
Originalmente denominado como Centro de Estudos de Migrações de Aves, o Cemave foi criado em 1977 com o objetivo de implantar o Sistema Nacional de Anilhamento (SNA). Trata-se de um método pioneiro na América Latina, para difundir e coordenar o uso do anilhamento como técnica de pesquisa com aves na natureza, cujas informações subsidiam as políticas e ações para a conservação das 1832 espécies da avifauna brasileira.
Conforme os procedimentos definidos pelo SNA, os anilhadores capturam aves silvestres e as soltam após marcá-las com anilhas metálicas numeradas contendo a inscrição “Avise CEMAVE” e o endereço do centro. Com esse procedimento, o Cemave obtém informações sobre o tempo de vida após a marcação, as rotas migratórias, flutuações de números populacionais e outros dados fundamentais para a conservação dessas espécies e dos hábitats onde vivem.
Para otimizar sua atuação por todo o território nacional, o centro conta com bases avançadas em Brasília (DF) e Florianópolis (SC), especializadas respectivamente nos biomas Cerrado e Pantanal e regiões Sul e Sudeste.
Ações
O coordenador do Cemave, João Luiz Nascimento, enfatiza a atuação imprescindível da entidade no cenário conservacionista das aves brasileiras. “O desenvolvimento de uma cultura do uso da técnica do anilhamento em projetos de pesquisa em larga escala no país vem gerando dados essenciais para a produção de informações que têm fundamentado importantes decisões do governo federal para a conservação das aves brasileiras, informa o Doutor em Oceanografia.
Ele destaca a criação dos Parques Nacionais da Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, de Fernando de Noronha, em Pernambuco, e a Reserva Biológica do Atol das Rocas, no Rio Grande do Norte, a partir de dados produzidos com a participação direta do Cemave.
João Luiz salienta ainda que unidades de conservação federais e estaduais – importantes para a conservação da avifauna brasileira – foram reconhecidas e incluídas em acordos internacionais como a Convenção de Ramsar e a Rede Hemisférica de Reservas de Aves Limícolas com o apoio do Cemave.
Projetos
Entre os projetos mais representativos das últimas três décadas está a implantação do monitoramento de aves migratórias continentais no Brasil, que tornou possível o conhecimento das principais rotas e locais de concentração dessas aves migratórias e dados de sua biologia básica.
Há também o Projeto Avoante, desenvolvido em parceria com várias universidades do Nordeste e membros do ICMBio e do Ibama, que reuniu dados sobre o padrão de migração da pomba avoante (Zenaida auriculata) e até hoje, subsidia o planejamento de ações de conservação da espécie na Caatinga.
O Projeto Arara-azul-de-lear representa um exemplo de recuperação de uma espécie ameaçada, graças a cooperação de parceiros e envolvimento da comunidade, mudando sensivelmente a situação desta arara ameaçada da Caatinga baiana nos últimos 10 anos.
João lembra, ainda, o papel decisivo do Instituto no estabelecimento de mudanças na regulamentação da caça amadorista no Rio Grande do Sul, prezando pela conservação de espécies como o marrecão (Netta peposaca) e a marreca-caneleira (Dendrocygna bicolor),
Monitoramento e PANs
Atualmente o Cemave está desenvolvendo o projeto de monitoramento das aves em UCs com o objetivo de avaliar as tendências das populações afins de que os resultados auxiliem no manejo das unidades.
Segundo o coordenador do centro, esse projeto é baseado na cooperação não só com outras instituições, mas principalmente com as Unidades de Conservação. "A implantação está ocorrendo de forma gradual, com o treinamento de servidores das UCs, para que parte dos dados seja coletado por eles próprios. Assim vamos multiplicando as habilidades desenvolvidas e formando uma rede integrada de pesquisas de forma padronizada. Nossa expectativa é a geração de um banco de dados que será extremamente útil à gestão das Unidades”.
Além disso, o Cemave se dedica à elaboração de novos PANs – como o da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), à execução de ações previstas naqueles projetos já implementados e à avaliação do estado de conservação da avifauna brasileira.
Comunicação Nordeste/ICMBio