segunda-feira, 16 de julho de 2012
Ecoefiência ainda é um tabu entre as empresas do setor logístico
Ecoeficiência. Este é um conceito que ainda sofre resistência entre as empresas que atuam no segmento logístico, ressalta Washington Soares, vice-presidente da Câmara Brasileira de Contêineres, Transporte Ferroviário e Multimodal (CBC) e pesquisador de políticas sustentáveis e modais ecoeficientes. "Uma das maiores dificuldades é convencer os shareholders (acionistas) sobre a necessidade de uma mudança organizacional radical em direção ao desenvolvimento sustentável. O trabalho é árduo porque se inicia no topo da pirâmide, que deve instituir o aspecto ambiental no comportamento organizacional da corporação", ressalta.
Ele cita a cultura "Lean Manufacturing" como modelo a ser seguido pelas empresas, pois proporciona um mapeamento do caminho crítico do processo, detectando os aspectos que podem ser aperfeiçoados do ponto de vista da ecoeficiência. Na Itri Rodoferrovia, empresa em que Soares é diretor, há um case de gestão com esta característica. A utilização do modal ferroviário vem sendo o responsável por uma mudança sustentável no transporte de cargas: "A operação de 132 vagões no Porto de Santos, de segunda a sábado, retira do tráfego diário 132 caminhões com contêineres de 40 Teus ou 264 caminhões com contêineres de 20 Teus".
A medida tem um impacto positivo ao diminuir a emissão de CO2 no ar em um ambiente com o tráfego extremamente intenso como o cais santista, por onde circulam, segundo a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), de 8 a 10 mil veículos por dia. A projeção é de que aproximadamente 7 mil quilos de dióxido de carbono são emitidos por quilômetro rodado no complexo, um dado ambientalmente preocupante.
O tema ecoeficiência está, também, na agenda do mercado internacional. Conferências como a Rio+20 e a POMS (Production and Operations Management Society) 2012, realizada em Chicago (USA) e cujo o tema foi Operações Sustentáveis, são exemplos disso. "Apresentamos, neste encontro um trabalho que versa sobre a importância de estratégias de controle do processo de transporte em termos de tempo. O objetivo do artigo é demonstrar as formas de se aplicar controle na ferrovia, para gestão da ecoeficiência, sobretudo, no estudo de caso da realidade brasileira com foco na burocracia do ambiente portuário. Abordamos as inovações organizacionais com base na cultura ´Lean Manufacturing`", afirma.
Inovações - Washington Soares destaca que, além de uma mudança no comportamento organizacional das empresas, é fundamental a realização de ações conjuntas entre todos os agentes intervenientes da cadeia de atividade logística multimodal. "Este conceito pode facilitar a acessibilidade do porto e reduzir emissões de CO2. Entretanto, depende de inovações tecnológicas cujo conceito de Modal Shift (troca modal) será importante para fomentar a produtividade com soluções técnicas aos entraves portuários. A partir da escolha do modal, é possível optar por processos mais ecoeficientes. Isso tem que ser pensado em conjunto", explica.
A influência dessa opção sustentável pela ferrovia pode ser estender a diminuição do custo do transporte. Depende, no entanto, da regularidade do operador em utilizar o modal, ressalta Soares. Em custo de transporte não existe ganhos, custo é custo, porém, é possível aumentar a eficiência da operação e produtividade para viabilizar garantias entre o usuário e o concessionário. Para esta finalidade são necessários contratos de risco com metas específicas para reduzir custos com economia de escala, para se obter a vantagem competitiva por meio do serviço shuttle (trens expressos diários) de contêineres".