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segunda-feira, 16 de julho de 2012

TENDÊNCIAS DOS PROJETOS " VERDES" DA ARQUITETURA BRASILEIRA

Formada em Arquitetura e Urbanismo, Adriana Noya – vencedora do prêmio CASA COR 2012. Na categoria Projeto mais sustentável – apresenta dicas de como realizar ações sustentáveis O setor da construção civil vive um “boom” nas questões sustentáveis e têm motivado discussões sobre o papel e a responsabilidade das pessoas no desenvolvimento e preservação do meio ambiente. Com isso, crescem as ações efetivas por parte de empresas e da sociedade. O objetivo é reduzir a utilização de recursos naturais e reutilizar, conscientizar para o uso racional da água e gerenciar o destino dos resíduos corretamente, preferencialmente para reciclagem. O novo mercado eco eficiente exige um desenvolvimento contínuo da variedade de novos produtos que devem ser adequados às diferentes realidades de cada país. A arquitetura ecológica ainda é considerada uma novidade, entretanto as aplicações de técnicas sustentáveis na concepção de um projeto são cada vez mais recorrentes. Em relação, à avaliação de edifícios, o sistema americano LEED é referência em experiências internacionais de sucesso, e já está se tornando conhecido no Brasil. Existe uma diversificação de produtos sustentáveis que podem substituir os convencionais, do alicerce até a concretização da obra ou da decoração. Uma obra ecologicamente correta se caracteriza pela escolha do local, especificação e instalação dos materiais e equipamentos adequados, gerenciamento e destinação correta dos resíduos da obra e durante a vida útil da edificação. O projeto bem planejado e especificado reduz os gastos manutenção e proporcionam um menor impacto no meio ambiente, “Projetar de forma consciente e sustentável, é mais do que uma tendência, é o único futuro possível para nossa profissão, afirma a arquiteta Adriana Noya”. “Devemos enxergar a vida útil do material como um ciclo retornável, pois os resíduos devem ser aproveitados do começo a um novo início, assim lixo pode virar luxo”, explica. As empresas recicladoras de entulho transformam o entulho em novos materiais de construção. A indústria da arquitetura é uma grande fonte geradora de emprego com grande impacto ambiental e social. Para diminuir qualquer agressão na natureza, um ponto importante, é a viabilização de alternativas para a gestão dos resíduos sólidos da construção civil, com soluções que contribuam para redução de custos e preservação. Os trabalhadores de obras devem ter um treinamento adequado para conscientização sobre a aplicação adequada dos materiais, evitando quebras e perdas, gerando volume desnecessário de entulho e devem ser instruídos sobre a como tratar o entulho de uma construção. As sobras dispostas inadequadamente poluem o solo, degradam paisagens e constituem grave ameaça à saúde coletiva. Os resíduos devem ser separados, armazenados da forma correta e serem destinados para usinas de reciclagem ou postos de recebimento que vão dar nova utilidade a tudo isto. Razões para fazer a separação dos resíduos: · Responsabilidade ambiental, social e econômica; · Minimizar extração inadequada de recursos naturais; · Redução de custos; · Geração de emprego e renda; · Diminuição da disposição irregular de sobras e da poluição ambiental; · Melhora da qualidade de vida. É importante avaliar cada fase do decurso construtivo, desde o planejamento, operação e finalização da construção, além de metodologias de análise de produtos. Por isso, o arquiteto precisa gerenciar a instalação dos materiais, calcular as medidas com precisão e evitar quebras e desperdícios. “Trabalhamos para criar e projetar ambientes, casas, prédios, bairros, cidades, com nossas construções, reformas e decorações. Podemos transformar o futuro do nosso planeta, dependendo da forma que fazemos cada uma destas atividades, procedimentos, técnicas, equipamentos e materiais escolhidos”, conta Adriana. Qualquer obra mal planejada e gerenciada pode causar danos ao meio ambiente em maior ou menor proporção, independente de ser um grande empreendimento ou uma pequena reforma. Espaço ADEGA – CASA COR 2012 “Para projetar o espaço ADEGA na CASA COR 2012, por exemplo, selecionei opções com baixo impacto na natureza e produtos de reuso instalados de forma harmoniosa, criando uma atmosfera de bem-estar e conforto”, informa a profissional. Composta por piso em bambu prensado que é material de rápida renovação, revestimento nas paredes em filetes de mármore, que reaproveitam aparas de cortes maiores, ar condicionado com selo PROCEL, a mesa água com base feita com papelão reciclado, papel de parede aplicado com cola à base de água, tapete de lã, estantes e bancadas em madeira de demolição, reaproveitadas de pisos de casarões antigos, adegas com consumo energético 30% menor do que outras similares e iluminação em LEDs, que tem baixo gasto energético em substituição a lâmpadas incandescentes e dicroicas que consomem 2.818W, reduzindo para 684 w uma média de 76%. Além disso, o projeto conta com gerenciamento e destinação do entulho da obra para reciclagem e reuso. Outro ponto importante é que todo material de divulgação do escritório (cartões e folders) são em papel reciclado. Como construir com sustentabilidade e estilo: A escolha do local · Terrenos em áreas previamente desenvolvidas, aumentando a preservação de áreas virgens, · Locais com acesso a transporte público e aos serviços básicos e necessários no dia a dia, evitando deslocamentos desnecessários com automóveis e a consequente emissão de CO2. Áreas externas · Preservar áreas verdes; Utilizar plantas nativas ou xerófitas no projeto de paisagismo, evitando gasto desnecessário com irrigação. Utilizar água da chuva ou reaproveitada para irrigação Utilização de sistemas eficientes de irrigação como gotejamento. Facilitar a drenagem da água do solo através do uso de pisos drenantes, ou seja, evitar materiais impermeáveis para a área externa, isto evita que a água da chuva escorra, levando poluição aos mananciais. Coberturas Uso de cores claras, diminuindo o aquecimento na edificação e a necessidade de refrigeração. Coberturas verdes (ajardinadas) que ao mesmo tempo ajudam a absorver a água da chuva e evitar que ela escorra, levando poluição aos mananciais e ajudando a diminuir o impacto as ilhas urbanas de calor, o calor que se irradia em volta dos aglomerados urbanos, pela reflexão dos raios solares, e faz aumentar o desconforto das pessoas e o consumo com sistemas de refrigeração. Elas ajudam também a manutenção da temperatura na edificação. Desenho do projeto O projeto deve ser feito de forma integrada entre os profissionais de engenharia, e arquitetura para que o projeto seja desenvolvido com todas as especificações adequadas. Para um melhor resultado no desenvolvimento do projeto o BIM (Building Information Modeling) sistema integrado de softwares é utilizado para calcular com mais precisão e evitar desperdícios; Projetar levando em consideração a topografia, o clima, ventos, incidência solar, entorno, e tirar partido deles para privilegiar o projeto; Aproveitar iluminação natural e vista para o exterior, o máximo possível, isto além de economizar energia, proporciona bem estar aos ocupantes da edificação; Janelas em posição adequada, aproveitando a incidência dos ventos e em paredes opostas para permitirem ventilação cruzada, proporcionando uma temperatura mais adequada e renovação do ar. · Fazer o gerenciamento e destinação correta do entulho da obra, para reuso, reaproveitamento ou reciclagem, diminuindo o depósito em aterros e incineração; Fazer um projeto paisagístico pensando na manutenção e consumo de água e energia. · Escolher equipamentos de refrigeração sem CFC e com gás refrigerante menos agressivo a camada de ozônio; Durante a construção é importante priorizar: · Materiais de origem local, evitando a emissão de carbono com transporte e estimulando a economia local; · Produtos recicláveis e com baixo impacto ambiental, de rápida renovação na natureza, como o bambu, reaproveitáveis ou com componentes reciclados; · Madeiras com certificação de origem, ou selos que comprovem sua sustentabilidade como FSC conhecidos como os “verdes” (floorscore, Green Seal, greenlabel) e outros. Alguns deles já podem ser encontrados no Brasil; · Janelas inteligentes que vedam melhor, revestimentos de fachada ventilada e vidros que permitam o controle de iluminação e temperatura, aproveitando a luz solar e ao mesmo tempo evitando o aquecimento interno e consequente gasto desnecessário com ar condicionado; · Sistemas de geração de energia com painéis solares, tirando partido do nosso clima tropical e cores claras na fachada e cobertura, para diminuir o impacto das ilhas urbanas de calor e diminuir o gasto com refrigeração; · Evitar materiais que emitam COV’s (compostos orgânicos voláteis) para preservar a qualidade do ar; · Os equipamentos elétricos e eletrônicos que têm selos PROCEL, EnergyStar que oferecem maior eficiência energética; · Uso de dispositivos de iluminação com baixo gasto energético como os LEDs; Equipamentos e dispositivos hidráulicos eficientes, que gastem menos água; Materiais adequados a cada uso, proporcionando maior durabilidade e menor gasto com manutenção ou substituições; Parceria com fornecedores que tenham atitudes sustentáveis.