quarta-feira, 23 de maio de 2012
Aterros sanitários são obras urgentes para 2014
Em reunião preparatória para a Rio+20, a ESPM promove debate que
aponta temas relevantes para a preservação do planeta
Enquanto as atenções estão voltadas para as obras dos estádios, aeroportos e hotéis para a Copa de 2014, outra obrigação oficial, que deve ser cumprida nos próximos 18 meses, não merece a mesma vigilância das autoridades: a erradicação de 2.906 lixões distribuídos por 2.810 municípios e a construção de aterros sanitários sustentáveis, onde só poderão ser depositados detritos sem qualquer possibilidade de reciclagem. O alerta foi levantado anteontem (21/05) durante debate promovido pela ESPM-SP focado na preparação de seus alunos para a cobertura da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, programada para o Rio de Janeiro entre os dias 20 a 22 de junho.
Mediado pela professora Cynthia Ferrari, do Núcleo de Imagem e Som da ESPM, o encontro foi instigado pelas apresentações de Estanislau Maria de Freitas Jr, coordenador de conteúdo do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, e Caco de Paula, publisher do Portal Planeta Sustentável. Para mostrar o grau de desatenção da sociedade com os problemas do ecossistema, Freitas lembrou que uma pesquisa dos institutos Akatu e Ethos revelou que 56% de 800 pessoas ouvidas, em seis regiões metropolitanas, nunca tinham ouvido falar em sustentabilidade. “Infelizmente ainda é um assunto abstrato e, portanto, mais difícil de ser compreendido pela sociedade”, diz Freitas. Ele trouxe outros dados que revelam o desequilíbrio ambiental: 1/3 da produção de alimentos se perde por problemas de transporte, armazenamento e distribuição. Enquanto isso, um milhão de pessoas passam fome.
Caco de Paula, por sua vez, preferiu conduzir a conversa para os resultados que a Rio+20 pode gerar. Ele lembrou que terminada a Rio-92, primeira reunião da ONU que discutiu a sustentabilidade do planeta, a imprensa não poupou o evento e indicou o seu fracasso. “Só que é importante não esquecer que a Rio-92 serviu, entre outras coisas, para começar a alterar alguns importantes paradigmas; as questões ambientais, aos poucos, passaram a ser encaradas com menos voluntarismo e mais profissionalismo”, exemplifica o executivo. A Rio+20 também deve abrir espaço para discussões cada vez mais conciliadoras entre as áreas de sustentabilidade das empresas, preocupadas com a imagem institucional, e os departamentos de marketing, focados nos resultados. “No mundo de hoje, não há mais espaço para o empresário que pretende produzir sem olhar para a sustentabilidade do planeta”, afirma Caco.