Grupo de trabalho dos Conselhos Consultivos da Flona Itaituba I e do Trairão, do qual faz parte do Serviço Florestal Brasileiro, e entidades parceiras realizam curso de mudas e viveiros que possibilitará aos agricultores familiares fazer e ampliar cultivos de espécies nativas
O Grupo de Trabalho formado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e Cooperativa Mista Agroextrativista do Caracol (Coopamcol), além de instituições parceiras, promovem dos dias 19 a 23 um curso sobre mudas e viveiros para 20 produtores de comunidades situadas no entorno da Floresta Nacional (Flona) do Trairão na região da BR-163, no Pará. As atividades ocorrerão na comunidade Monte Dourado, na vicinal do Cacau, município de Itaituba.
O objetivo da ação é fortalecer a capacidade dos comunitários de gerar renda com produção de açaí. Os agricultores familiares extraem o palmito e o fruto da espécie e, com o curso, poderão ampliar a quantidade de palmeiras para manejo e também a produção.
Um dos primeiros benefícios será mais autonomia para as extrativistas. “A comunidade terá mudas para plantar, pois não existe oportunidade de aquisição de mudas na região por falta de produtores”, explica o chefe da Unidade Regional (UR) do Distrito Florestal da BR-163 do SFB, Fernando Ludke.
A produção própria reduz ainda o custo da muda, do deslocamento delas para as comunidades, além da viabilidade da própria muda, que não sofre com transporte e baldeio. Ao plantá-las, os agricultores conseguirão adensar a quantidade de palmeiras. “Eles terão um rendimento maior por área e poderão se deslocar menos para chegar aos açaizais”, diz Ludke.
Plantio conjunto
Embora o açaí seja uma das espécies de mais utilizadas pelos agricultores, o curso vai abordar técnicas para produzir também mudas de espécies florestais, como andiroba e ipê, que interessam às comunidades.
A capacitação abordará, inclusive, conceitos sobre a combinação de cultivos agrícolas com árvores, chamados de sistemas agroflorestais (SAFs). O cultivo em consórcio aumenta as opções de renda, pois o caixa do produtor tende a estar o tempo todo suprido, ora com a renda de uma espécie, ora de outra. “A introdução de SAFs visa cultivos consorciados para aproveitar mais a área antropizada. Culturas de ciclo curto dão retorno enquanto outra cultura está atingindo a fase de maturação”, afirma o chefe da Unidade Regional do SFB.
Segundo um dos integrantes do Grupo de Trabalho pelo Ipam, Edivan Carvalho, existem ainda outros benefícios. “Esta ação poderá ser um indicativo de alternativas a diversificação e recuperação ambiental de unidades produtivas familiares, além de incentivar a implementação de modelos produtivos que melhorem a geração de renda e alimentos”, afirma. O tema será abordado no curso pela Instituição, que conta com apoio do Projeto BR-163: Floresta, Desenvolvimento e Participação.
Fomento
O curso conta com a participação de um técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira de Itaituba (Ceplac), que nos primeiros dias do curso, vão informar os agricultores, entre outros assuntos, sobre políticas que podem ser acessadas, financiamento e outras possibilidades de auxílio.
“Para nós, trata-se de auxilio essencial para continuidade e sucesso do apoio, as parcerias potencializam o uso de recursos públicos, concentram-se esforços numa mesma direção”, diz Ludke.
Juntos, o SFB, o ICMBio, o Ipam e a Coopamcol vêm trabalhando desde as primeiras atividades que deram origem à atual capacitação em mudas e sementes por meio do Grupo de Trabalho sobre açaí que foi criado e é composto por conselheiros da Flona Itaituba I. Este grupo realizou um diagnóstico participativo e, depois, um plano de ação.
O curso surgiu da demanda das comunidades dentro das discussões dos conselhos consultivos das Florestas Nacionais de Itaituba I, II e Trairão, geridas pelo ICMBio.A capacitação é resultado desses trabalhos e, pelo seu potencial, poderá ser ampliada para outras comunidades ao longo de cerca de 400 km da BR-163 e Transamazônica, nos municípios de Trairão, Itaituba e Rurópolis.