domingo, 9 de dezembro de 2012
OPERAÇÃO DA PF SALVA TARTARUGAS NA AMAZÔNIA
Uma operação inédita, que resultou na apreensão de quase 400 tartarugas vivas de espécies ameaçadas de extinção, entre elas a tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), acaba de ser concluída pela Polícia Federal (PF) em Roraima. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apoiou a ação, que ocorreu na região onde ficam duas unidades de conservação (UCs) federais, o Parque Nacional (Parna) do Viruá e a Estação Ecológica (Esec) de Caracaraí.
Os animais seriam vendidos em Boa Vista (RR) e, principalmente, em Manaus (AM). A carne da tartaruga é apreciada na região amazônica. O consumo aumenta no Natal, pois é hábito local preparar na ceia pratos à base de tartaruga.
A quantidade de animais encontrados e a crueldade com que eram tratados pelos caçadores, chamados de tartarugueiros, surpreendeu os agentes federais deslocados para a região do Baixo Rio Branco, afluente do Rio Negro, formador do Rio Amazonas.
As maiores tartarugas, com peso entre 50 kg e 65 kg e idade presumida de 100 anos, ficavam fora da água, com o casco para baixo, imobilizadas. As menores, amontoadas às dezenas em currais improvisados na mata, estavam sem acesso a alimento e água.
A equipe da PF, que contou com a ajuda de um fiscal do ICMBio e outro do Ibama, devolveu ao Rio Branco e afluentes 362 tartarugas vivas. Foram achados 16 animais mortos em consequência dos maus-tratos.
Batizada de Operação Pimenta – homenagem a José Santos, o Zé Pimenta, um estudioso dos quelônios (animais com casco) da Amazônia, assassinado em 2006 por tartarugueiros –, a ação foi realizada em duas etapas. A última delas, de oito dias, terminou no início desta semana.
Os tartarugueiros foram surpreendidos em vários trechos ribeirinhos, na altura dos municípios de Caracaraí e Rorainópolis, em margens opostas do rio. São áreas no sul de Roraima, quase na divisa com o Amazonas, de acesso restrito, pois banham duas UCs federais, o Parna do Viruá e a Esec de Caracaraí.
Os policiais queimaram sete embarcações, grande quantidade de redes de pesca e material variado em acampamentos abandonados às pressas pelos tartarugueiros. Sete deles foram presos, mas já estão soltos, após pagamento de fiança no valor de um salário mínimo.
Comunicação ICMBio / FOTO: POLÍCIA FEDERAL