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sábado, 22 de dezembro de 2012

LANÇADA QUARTA EDIÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA BIOBRASIL

por Thaís Alves Artigos sobre a avaliação do estado de conservação de espécies pouco conhecidas e o manejo de recursos vegetais em unidades de conservação (UCs) são temas da quarta edição da Revista Biodiversidade Brasileira – BioBrasil, publicação eletrônica e de cunho científico do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que acaba de ser lançada. Para ter acesso, clique aqui. A nova edição mostra os resultados do estado de conservação de três espécies de minhocuçus, que ocorrem apenas no estado de Minas Gerais, com distribuição restrita e em áreas alteradas por atividades antrópicas (realizadas pelos homens), e de cinco espécies de peixes-bruxa ou feiticeiras, espécies que, embora de difícil visualização, são importantes componentes dos ecossistemas onde ocorrem. As avaliações foram feitas durante as oficinas de trabalho promovidas pela Coordenação de Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade e contaram com a participação de pesquisadores de várias instituições. A metodologia adotada para avaliar o risco de extinção das espécies foi a da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), que classifica a espécie em diferentes categorias de risco, considerando as informações sobre sua distribuição, aspectos populacionais e ameaças. Espécies registradas no país Segundo a coordenadora de Apoio à Pesquisa e editora-chefe da Revista BioBrasil, Kátia Torres Ribeiro, todas as espécies são registradas no país. “No resultado apresentado na publicação há uma curiosa vinculação entre as duas seções da revista, em função do minhocuçu Rhinodrilus alatus, uma espécie muito apreciada para a pesca de peixes como, por exemplo, o surubim, ser intensamente coletada”. Ainda segundo ela, na avaliação anterior essa espécie havia sido classificada como Em Perigo (EN), o que tornava sua coleta ilegal, com o efeito colateral de dificultar a implementação do manejo sustentável. “Novos dados sobre a distribuição e ecologia da espécie sustentou nova classificação, agora considerada tecnicamente como Menos Preocupante – LC, indicando que a espécie não sofre risco de extinção”, explica. Kátia Torres disse que o manejo desta espécie requer “amplo diálogo entre saber tradicional e científico e, ainda, no desenvolvimento de políticas públicas favoráveis à conservação dos recursos pelo manejo e geração de renda”. Esse contexto pode ser observado na maioria dos artigos trazidos na primeira seção da Revista BioBrasil, que refletem os estudos participativos sobre o manejo do pinhão e da erva mate, no sul do país. Daí a vinculação entre as seções. Além da espécie Rhinodrilus alatus, entre os minhocuçus foram avaliadas a Fimoscolex sporadochaetus, redescoberta recentemente, tendo sido reavaliada na categoria Em Perigo (EN), por ocorrer em uma área restrita e sujeita à pressões antrópicas, e a Rhinodrilus fafner, classificada como Dados Insuficientes (DD), o que significa que as informações disponíveis sobre a espécie não são suficientes para uma avaliação de seu risco de extinção. Peixes-bruxa Os peixes-bruxa representam a linhagem evolutiva de peixes mais antiga, sendo geralmente considerados vertebrados, mas com uma morfologia tão enigmática que um novo subfilo, Craniata, foi criado para contemplar a hipótese de representarem um grupo irmão dos vertebrados, de acordo com os editores da seção, Carlos Guidorizzi e Beatriz Beigegiel. São apenas 76 espécies de peixes-bruxa, sendo que apenas cinco são conhecidas no Brasil. Estes animais sem mandíbulas são fundamentais para a ciclagem de nutrientes das zonas bentônicas (referentes a ambiente ou habitat marinho do fundo dos oceanos) das plataformas continentais. Por todo o planeta, essas espécies encontram-se ameaçadas pela pesca incidental e pela exploração da pesca comercial voltada para a obtenção de seu couro, e pela destruição de habitats causada por equipamentos de pesca. Na avaliação nacional, apenas uma espécie foi considerada Menos Preocupante (LC); uma delas, Mixine sotoi, endêmica do Brasil, foi classificada como Vulnerável (VU), sendo a pesca de arrasto sua principal ameaça. Essa também é a maior ameaça potencial às outras três espécies, para as quais não houve dados suficientes para avaliar seu estado de conservação, sendo, portanto, classificadas como Dados Insuficientes (DD). Manejo de espécies vegetais A seção temática Manejo de Espécies Vegetais em Unidades de Conservação da Revista Biodiversidade Brasileira, editada por Walter Steenbock, Karina Barros e colaboradores da Universidade Federal de Santa Catarina, reúne artigos que trazem conhecimentos sobre características de populações de espécies vegetais com uso atual ou potencial, sobre aspectos de manejo e conservação desses recursos e sobre elementos da cadeia produtiva de alguns deles, a partir de pesquisas realizadas em UCs e entorno. Os trabalhos evidenciam a importância destas unidades de conservação na geração de conhecimento para implementar melhores práticas visando a conservação pelo uso, em estreita relação com os moradores da região e com instituições de pesquisa. A maior parte dos artigos apresentados descreve resultados de pesquisas realizadas em florestas nacionais, especialmente do sul do país, localizadas no bioma Mata Atlântica. A seção também traz artigos sobre o manejo de recursos vegetais e as relações sociais associadas ao manejo em local com proposta de reserva de desenvolvimento sustentável (RDS) e, ainda, em parques nacionais, estaduais e Municipais. A revista Criada em 2011 e editada duas vez por ano, a BioBrasil é um marco do ICMBio na área de difusão do conhecimento científico. O primeiro número enfocou o tema “Avaliação do estado de conservação das tartarugas marinhas”; o segundo tratou de “Manejo do fogo em áreas protegidas” e o terceiro abordou “A avaliação do estado de conservação das espécies de ungulados do Brasil,” que correspondem aos cervídeos, antas e porcos-do-mato. Todas as edições podem ser acessadas em: www.icmbio.gov.br/revistaeletronica. A BioBrasil tem como objetivos a consolidação, a divulgação e a discussão das experiências e estratégias de conhecimento a respeito da conservação e manejo da biodiversidade brasileira e das unidades de conservação e a disponibilização dos resultados científicos da avaliação do estado de conservação das espécies da fauna brasileira. Edições mistas com diferentes seções temáticas são a tendência da revista. A ideia é oferecer diversidade de abordagens e de temas para obter uma audiência cada vez maior, mantendo, por sua vez, a linha de agregação de artigos por temas com visão abrangente sobre cada assunto. Comunicação ICMBio