terça-feira, 23 de abril de 2013
INSTITUTO ILHABELA SUSTENTÁVEL OFICIA AO CONSEMA PEDIDO DE SUSPENSÃO DO LICENCIAMENTO DO NOVO PIER DA PETROBRÁS
Ofício IIS/0050.04/2013
Ilhabela, 15 de Abril de 2013.
Ao CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente
Atenção Presidente, Sr. Bruno Covas, Secretario Estadual de Meio Ambiente.
C/C:
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo.
SenhorOtavio Okano
Ministerio Publico Federal
Ilmo. Sr. Procurador da República
GAEMA – Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente do Litoral Norte.
Dr. Alexandre, Exmo Promotor de Justiça.
Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
Sr. Bruno Covas.
Secretaria de Meio Ambiente de Caraguatatuba
Senhor Marcos Lopes Couto.
Secretaria de Meio Ambiente de São Sebastião
Sr. Eduardo Hipólito do Rego.
Secretaria de Meio Ambiente de Ilhabela
Sr. Edvaldo Anizio da Silva.
Transpetro
Sr. José Sergio de Oliveira Machado
Referência – Derramamento de óleo e Licenciamento do novo píer do Terminal Almirante
Barroso
Prezados Senhores
As entidades signatárias vêm, através do presente, considerando a enorme preocupação e descontentamento, em relação ao assunto em epigrafe, expor e ao final requerer o quanto segue:
Considerando que:
1- Na noite do último dia 5 de abril ocorreu um derramamento de óleo em uma das
linhas de dutos do píer do Terminal Aquaviário Almirante Barroso (Tebar) em São
Sebastião, fato público e notório, divulgado amplamente na mídia;2- Tal fato afetou a balneabilidade de, pelo menos, 11 praias em São Sebastião além de ,
outras nos municípios de Caraguatatuba e Ubatuba, bem como de outros
ecossistemas;
3- a Transpetro deixou, entre outras, de comunicar imediatamente e oficialmente o
ocorrido às autoridades do município de São Sebastião, que informaram através de
seu Secretário de Meio Ambiente terem tomado conhecimento do fato através de
pescadores, às autoridades de municípios vizinhos e à Autoridade Portuária (Cia.
Docas) ;
4- embora a CETESB tenha aplicado uma multa de R$ 10 milhões à Empresa e
encaminhado denúncia de crime ambiental ao Ministério Público, o Prefeito e o
Secretário de Meio Ambiente de São Sebastião ainda estudam que sanções irão aplicar
à Transpetro;
5- embora a Transpetro tenha informado o derramamento de 3.500 litros de
combustível tipo óleo marítimo MF-380, esse volume foi contestado pela prefeitura de
São Sebastião, sendo incorreto, visto que a mancha atingiu uma extensão avaliada
entre 20 e 30 km. Ademais, a Ficha de Informação de Segurança desse produto denota
sua grande periculosidade e insalubridade, exigindo manuseio com uma série de
equipamentos de proteção, que nem aos trabalhadores que atuaram na contenção,
foram fornecidos. Vale ressaltar que o acidente ocorreu num final de semana, com
praias lotadas de banhistas e que, em alguns casos - como na Praia das Cigarras, por
exemplo- não havia nenhuma orientação sobre a periculosidade do produto;
6- o vazamento causou danos em fazendas de criação de pescados, em redes de pescas e
embarcações artesanais e que a situação é particularmente grave em relação à criação
de mexilhões, que absorve rapidamente as impurezas, e ao camarão que está em
período de defeso;
7- a Transpetro declarou encerrada a operação no Canal de São Sebastião, sem citar
qualquer limpeza nos costões rochosos, nem como e quando será devolvida a areia
retirada ou que destino terão os demais resíduos;
8- além de não possuir nenhum CDA – Centro de Defesa Ambiental- na região, sendo o
mais próximo em Guarulhos, a tecnologia e os equipamentos utilizados pela empresa
na contenção do vazamento não são o melhor de que ela mesma dispõe, muito menos
do que modernamente se conhece no resto do mundo. É importante frisar que há
embarcações caríssimas (caso do Rebelo XV), que ficam disponíveis 24hs por dia com
pessoal e material exclusivo para esses casos, mas que não pode ser usada, já que o
evento ocorreu em águas rasas;
9- a real dimensão do ocorrido e seus reflexos ambientais, sociais e econômicos, na
industria da pesca e do turismo, estão longe de serem determinados e que inexiste
previsão de se cogitar indenizações baseados em “lucros cessantes” das comunidades
que terão sua subsistência prejudicada;
10- segundo o Secretário de Meio Ambiente de São Sebastião, o terminal opera, desde
2010, sem licenciamento ambiental emitido por aquela Prefeitura, o que acarreta a
falta de informações sobre as suas operações, produtos e planos de contingências;
11- o Ministério Público Federal em São José dos Campos e o Ministério Público Estadual
em Caraguatatuba, instauraram Inquéritos Civis Públicos para apurar as causas do
vazamento,12- e finalmente que o projeto de ampliação do Terminal está em sua fase de
licenciamento, com previsão de serem agendadas audiências públicas e sem
disponibilização, até aqui, do EIA – RIMA, o que impossibilita as Prefeituras de São
Sebastião e de Ilhabela e a sociedade civil de se manifestarem.
Pelo exposto, requerem, respeitosamente, que seja determinada a imediata interrupção do
processo de licenciamento, com a suspensão de suas audiências públicas, até que todas essas
e/ou outras questões possam ser esclarecidas, possibilitando que toda a sociedade do Litoral
Norte possa avaliar se, além do interesse nacional, o interesse local, em seus aspectos
ambientais, sociais e econômicos, também está contemplado no processo acima referido, de
forma clara e transparente.
Permanecendo à disposição, subscrevemo-nos mui
Cordialmente,
Instituto Ilhabela Sustentável
Associação dos Esportistas de Ilhabela
Associação Comercial e Empresarial de Ilhabela
Associação de Hotéis, Bares e Restaurantes de Ilhabela.
Associação de Engenheiros e Arquitetos de Ilhabela
Associação Protetora dos Animais de Ilhabela
Observatório Social de Ilhabela Rotary Clube de Ilhabela
Associação dos Moradores e Amigos do Bairro do Reino
Lions Club de Ilhabela
Associação de Moradores e Amigos de Bairros do Sul da Ilhabela
Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Siriúba -Gleba I
Associação dos Moradores e Amigos dos Bairros do Itaguaçu e Itaquanduba
Conselho Municipal de Meio Ambiente
Pindá Iate Clube
Conselho Municipal de Turismo de Ilhabela