Manual do IPT mostra todas as etapas da captação da água de chuva para situações emergenciais
A torneira seca hoje é a realidade de muitos paulistanos que, em bairros mais periféricos da cidade, já sentem os efeitos da falta de água. Diante de um cenário de crise de abastecimento e sem condições financeiras de se valer de um caminhão pipa, a solução para esses moradores vem literalmente do céu: a água de chuva é a aposta para aqueles que não têm mais opção para manter a sua rotina, que exige, para cada um, em torno de 180 litros de água por dia.
Em situações emergenciais a água de chuva é uma solução possível, desde que alguns cuidados sejam tomados. São essas boas práticas, que vão da captação à utilização, passando pela filtragem e armazenamento da água, que o manual que o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) lança nesta semana pretende mostrar.
“As chuvas que fecharam o verão paulistano, apesar de contrubuírem para o reservatório da Cantareira, não são suficientes para estancar a crise hídrica. A captação de água de chuva já é uma saída para muitas famílias, mas é preciso melhorar a qualidade dessa água que, em muitos casos, não é tratada corretamente”. O alerta é do pesquisador do IPT Luciano Zanella, doutor em engenharia sanitária e autor do manual, que busca oferecer à população orientações para o aproveitamento emergencial da água de chuva, apresentando as boas práticas para a sua captação, armazenamento e utilização doméstica.
Apesar de ser uma técnica relativamente simples, o aproveitamento da água de chuva possui requisitos mínimos que devem ser respeitados para garantir o funcionamento do sistema e, principalmente, para assegurar a qualidade dos volumes coletados. O principal alerta da cartilha, que é voltada para o cidadão comum, sem conhecimento técnico, é a necessidade do descarte da água da primeira chuva, responsável pela lavagem da atmosfera e dos contaminantes presentes na superfície dos telhados. “Recomenda-se o descarte de dois litros de água para cada metro quadrado de área de telhado utilizado para captação, o que corresponde aos dois primeiros milímetros de precipitação. É também fortemente recomendada a filtragem dessa água, mesmo que de maneira simplificada, com a utilização de um filtro de malha do tipo de coador de chá”, explica Zanella.
Os usos mais convencionais dados a esta água são a descarga de bacias sanitárias, limpeza de pisos e veículos e rega de áreas verdes. Mas, se faltar água de qualidade superior, a água de chuva – desde que captada e tratada de forma adequada – pode ser também utilizada para ingestão e preparo de alimentos. Neste caso recomenda-se, após captação, tratamento e armazenamento da forma tecnicamente adequada, a fervura por um tempo superior a três minutos para melhorar a segurança sanitária.
O manual pode ser acessado gratuitamente por todos os interessados e está disponível no site do IPT pelo link http://migre.me/p6wJT